Para viver a feiticeira Zeres em A História de Ester, Vanessa Gerbelli buscou inspiração em personagens de clássicos da literatura

Um lindo sorriso e um olhar intenso denunciam o prazer de Vanessa Gerbelli em falar sobre Zeres, feiticeira a qual dá vida em A História de Ester, da Record. Além de a cruel personagem marcar sua volta à televisão depois de dois anos de dedicação intensa ao teatro e ao cinema, ela também é a primeira mãe que a atriz encarna após ter se tornado mãe na vida real. ``Posso dizer que foi fundamental a minha experiência pessoal para viver uma mãe na ficção``, avalia, explicando por que a maternidade lhe ajudou tanto a criar o papel. ``Aprendi a me conhecer melhor e a me aprofundar mais nas emoções e nas questões humanas. O apego e o amor de uma mãe por um filho são de uma força fantástica, que transformam a mulher numa guerreira, numa leoa mesmo``, empolga-se.

E leoa é o que Zeres mais tem se mostrado ser na minissérie da Record. Mãe de dez filhos homens, a feiticeira é capaz das mais polêmicas atitudes para ``proteger`` sua prole. Até mesmo tramar a morte de Ana, papel de Letícia Colin, ao perceber que seu filho Aridai, de Paulo Nigro, está apaixonado pela judia. Mas o problema da feiticeira é que se ela fosse perversa apenas para defender os filhos, tudo bem. Zeres vai além quando o assunto é fazer o mal. Ela ajuda no complô que planeja a morte do rei Assuero, encarnado por Marcos Pitombo, para que Hamã, de Paulo Gorgulho, se torne o rei. Apesar de tudo de ruim que a matriarca apronta, Vanessa entende as motivações da personagem. ``Acho que o julgamento do que é mau ou bom, generoso ou perverso, está em nós, seres civilizados. Eu, Vanessa, tenho minha moral e vivo de acordo com os meus princípios``, argumenta.

Para representar uma mulher, portanto, que não tem os mesmos princípios que os seus, Vanessa tentou conhecer, a fundo, os pensamentos, desejos e sentimentos da personagem. Ainda mais quando soube que Zeres viveria em um tempo e em um lugar tão distantes de sua realidade, mais especificamente em 400 antes de Cristo, ano em que se passa a história. ``Naquele tempo, a sobrevivência era muito difícil. Os povos estavam em constantes guerras por territórios. A escravidão, os assassinatos e castrações eram práticas comuns. Nada disso era considerado perverso por eles``, explica.

Depois de estudar bastante a época e a realidade em que a personagem estava inserida, Vanessa procurou compô-la como alguém que defende sua sobrevivência e a dos seus filhos. ``Claro que com muita ambição, que é um traço forte na personalidade dela``, acrescenta ela, contando que buscou referências em personagens clássicos da Literatura, como Lady Macbeth, de William Shakespeare, e até mesmo na madrasta da Branca de Neve. ``Ah, também pensei na Cleópatra. Não sei... Pensei muito numa mulher que se sente superior por ter poderes que os outros não têm, de ler o futuro, de conseguir manipular o presente com a ajuda da feitiçaria``, destaca.

Apesar de o processo de criação da personagem ter parecido tranquilo, Vanessa admite que se preocupou com um detalhe: dar leveza a essa maldade escrita pela autora para Zeres. ``Ela já está dizendo coisas cruéis. Não preciso fazer cara, boca, gesto, andar de -Cruela Cruel-, do desenho animado. Morro de medo de ficar caricata``, confessa ela, que tem se divertido com os comentários dos telespectadores pelas ruas. ``Escuto que sou uma víbora. Fazer o quê?``, conta, aos risos.


Carla Neves do PopTevê
20 Mar 2010 - 16h04min
Fonte: http://www.noolhar.com/opovo/buchicho/963600.html